sábado, 14 de outubro de 2006

Escondo-me na vertigem dos dias.

segunda-feira, 28 de agosto de 2006

desconhecido

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2005

Em princípio

Sempre que volto ao fim
chego ao princípio
sempre que começo, parto
sempre que acabo, recomeço
quando encontro, perco
sempre que me perco, encontro-te
quando parto, reparo
sempre que paro, desato
a correr por aí.
Sempre que volto ao fim
chego ao princípio
sempre que começo, parto
sempre que acabo, recomeço
quando encontro, perco
sempre que me perco, encontro-te
quando parto, reparo (que)
sempre que paro, desato
a correr por aí.

sábado, 1 de abril de 2000

Certeza de um dia

pelo positivo ou pelo negativo
intensamente ou na calma
na insegurança ou no amor-próprio
escondido no mato ou com todos os amigos
depois do primeiro amor e antes do último

tens alguma coisa para dizer? se não, cala-te e vive
vive a tua vida e quando tiveres algo a dizer, fala. mas só então.
tenho vinte e cinco anos vividos e outros tantos por viver
tenho mãe, pai e irmão
um tecto para me abrigar e alguns amigos com quem conversar
não tenho mulher, mas isso há de se arranjar.
tenho vinte e cinco anos
e tenho vontade de contar uma história
só não sei que história é essa
não sei se é sobre mim, se sobre os outros
se é sobre ricos ou sobre pobres, se é fantasia ou realidade
se com homens ou com mulheres ou com os dois, se é na terra, no ar ou na água
só sei que tenho qualquer coisa cá dentro que quer sair
que está a ficar demasiado grande para este corpo e se não a libertar
matar-me-á por asfixia interna.
se pensar um pouco, começo, aos poucos
a descobrir algumas das coisas que formam esse homicida potencial
como o positivo e o negativo
como a intensidade e a calma
como a insegurança e o amor-próprio
como o primeiro amor
como todos os amores
como a forma de encarar a vida
como a forma de estar na vida.
tenho vinte e cinco anos
e sei que nada é eterno, tudo é efémero
sei que não existem príncipes encantados ou mulheres perfeitas
e sei que só há uma forma de amar, com o coração.
e sei que para amar verdadeiramente outra pessoa é preciso, primeiro
amarmo-nos a nós próprios.
tenho vinte e cinco anos
e não é por isso que não tenho medo de amar uma mulher como se fosse a única
um amigo como se fosse o Sol
ou um irmão como se de oxigénio se tratasse.
não é por isso que não tenho medo de saltar de cabeça
para uma piscina pouco profunda
pois sei que só batendo com a cabeça lá em baixo
se abre a possibilidade que quebrar o chão, furar a terra
sentir o cheiro agridoce da morte e entrar no âmago da vida
conhecer o amor, possuir o orgasmo, dormir aconchegado
reconhecer o fim, cortar o cordão e morrer
e nascer novamente, e amar
e novamente morrer para novamente tornar a nascer.
não tenho medo porque sei que ela não é única
que existem muitas estrelas por aí
que é de oxigénio que se forma o ozono.
não tenho medo porque nasci assim
com medo de perder o medo
e apenas com uma certeza
a de que um dia deixa de se ter aquilo que hoje se tem.

pelo positivo ou pelo negativo
intensamente ou na calma
na insegurança ou no amor-próprio
escondido no mato ou com todos os amigos
depois do primeiro amor e antes do último
com a certeza única
de que um dia
deixará de se ter
o que hoje se tem
(só fica a poesia)

terça-feira, 1 de fevereiro de 2000

Chora

Chora
por um amor que parte agora
por um sorriso que se vai embora

chora
por um dom que devora
por uma flor que descora

chora
por um desejo que demora
por um minuto que não chega a hora

chora
por uma memória que não decora
esse lugar onde sempre te perdes.

quinta-feira, 25 de novembro de 1999

Sem tema

Aqui me proponho a escrever. Sobre quê? Sobre nada, sobre tudo, sobre a vida, sobre a morte. Suponho que não seja fácil falar sobre nada com ritmo, sobre tudo sem baralhações, sobre a vida com leveza, sobre a morte sem a ter vivido, mas só depois de tentar poderei ou não discordar. Atrás de uma palavra está sempre outra, há que não reprimir, não vergonhar o que é da alma, feio ou bonito, vencer o medo de ficar exposto, depois deixar correr um trânsito de palavras coloridas sem padrão, sem condizer, apenas dizer o que for que se diga. É como jogar um jogo de um jogador só, onde os dados são feitos de palavras, as cartas de papel, um lenço de ideias na cabeça, elas estão sempre lá e não é preciso bater à porta, basta entrar, faze-las correr, saltar, brincar, dar para receber e se faltar tema é perguntar a alguém, diz me ai um tema, sem tema.

Afinal, o que se quer da vida? Quer-se dor, quer-se uma flor, quer-se provar o sabor do prazer, sentir o cheiro a terra molhada, a água a escorrer pela pele, o Sol a enganar a vista, a conquista, a derrota, encontrar a caixinha das emoções, fugir das opções, vaguear por ai sozinho sem perder rumo antes de o encontrar, beber muito sumo de manga, ter o sorriso estampado na cara, fazer batota sempre que possível, comer rabanadas, dar muitas prendas, receber algumas, ir a uma ilha deserta, dar uma grande queca, apanhar um escaldão no pilão, esquecer a morada e escrever sobre nada. Parece que não custa assim tanto afinal, tendo em conta o que se recebe na volta.